21 de set. de 2011

1ª OFICINA DE MÚSICA EM LIBRAS - LIVIA M. GOMES E VÍNICIUS B. DOS SANTOS


     É simples: surdos, assim como todo mundo, sentem a música através da vibração. Ou você nunca ouviu uma pessoa dizendo "Sinta a música"? Ondas sonoras são vibrações que, ao atingirem os tímpanos, se transformam em impulsos elétricos graças aos nervos auditivos. Esses impulsos são interpretados pelo cérebro como vozes, notas. Uma pessoa surda não interpreta as ondas sonoras, muitas vezes por problemas nesse nervo. Mas ela sente a vibração da mesma forma que qualquer um, por meio dos graves que sacodem o chão ou batem no peito. Nada disso passou pela cabeça de Troi Lee quando ele decidiu organizar a primeira rave especialmente para a galera que não escuta. O que ele queria era se divertir: Lee é surdo de nascença e sempre gostou de sair para dançar, seguindo as vibrações da música. A Deaf Rave já se provou um sucesso, reunindo mil pessoas em sua última edição, em 10 de abril. Lee tem planos de organizar festas por todo o mundo, inclusive no Brasil. 
A Educação Musical para surdos também tem enfrentado diversas discussões. A música é vista como algo que os povos surdos não podem fazer uma vez que se trata de um fenômeno que deva ser experimentado através da audição” (Cruz apud Finck, 2007).
Notamos que isso não é autêntico. Muitos trabalhos musicais têm sido desenvolvidos com surdos. Haguiara-Cervelline diz que Musicalidade é a possibilidade que o homem tem de expressar a música interna, ou entrar em sintonia com a música externa, por meio do seu corpo e seus movimentos, por meio da sua voz, cantando, do tocar, do perceber um instrumento sonoro musical ou não, ou de uma escuta musical atentiva. (Haguiara-Cervelline, 2003, p.75).
Isto comprova que a música é para todos, sejam ouvintes ou surdos. Ritmo é vida, e quem está vivo não escapa dele. O ritmo está presente no nosso corpo através da pulsação.
Todos têm a possibilidade de reinventar a música, mesmo usando padrões outros padrões.
    No caso da educação musical para surdos, os parâmetros utilizados são distintos do ensino para os ouvintes. Isso não quer dizer que seja impossível compartilhar alunos surdos e ouvintes. A vibração é um parâmetro muito para o aluno surdo, pois através dela consegue diferenciar timbre, que para nós são diferenciados através da audição. “A pele é o órgão dos sentidos mais vital” (Haguiara-Cervelline, 2003, p.79). Podemos viver sem audição, olfato, paladar, visão, mas a pele é essencial, pois estabelece limites no corpo, estabelecendo relação com o mundo exterior (Haguiara-Cervelline, 2003). O surdo reage à música e expressa sua musicalidade utilizando o toque. É possível captar vibrações das ondas sonoras por todo o seu corpo, através da pele e ossos.
Ademais, os que têm surdez mais profunda conseguem ouvir ruídos de vários tipos e ser sensíveis a vibrações de toda espécie. Essa sensibilidade às vibrações pode tornar-se um tipo de sentido acessório: por exemplo, Lucy K., embora profundamente surda, é capaz de avaliar de imediato um acorde como “dominante” colocando a mão sobre o piano, e consegue interpretar vozes em telefones com grande amplificação; em ambos os casos, o que ela parece perceber são vibrações, e não sons. (Sacks, 1998, p.21) “Acreditar no surdo e nas suas possibilidades musicais mostram-se condições importantes para uma representação dele como ser musical” (Finck, 2007, p.5). Desta forma, a relação entre música e surdez não é um paradoxo. Fica claro que o surdo, embora utilize somente a vibração, consegue identificar aspectos musicais que nós ouvintes, por hábito, só identificamos através da audição.

 
 Vínicius B. dos Santos   e  Livia Gomes


     O Sistema Chappin no dia 04 de Setembro de 2011 em Goiânia, promoveu a 1ª Oficina de Música em Libras no Estado de Goiás, coordenado pelos Professores  Interpretes Livia Martins Gomes e Vínicius Batista dos Santos e teve como  convidado o Professor Intérprete Alexandre Castro Ferreira. Eles estão com projeto desafiador levar a música as pessoas com surdez, já gravaram vários vídeos e tem como proposta , a utilização da música no processo comunicativo dos surdos é uma maneira especial de fazer com que ele desenvolva, além de sua musicalidade, uma maneira diferente de ver o processo comunicativo, o que pode até mesmo auxiliar em seu processo de aquisição da linguagem, tanto falada como da língua de sinais. Dessa maneira, a música funcionaria em segundo plano, como um agente socializador.
   A oficina foi dividada em duas partes pela manhã teoria e pela tarde a  prática. Foi distibuido material  como apostila e Cd com Músicas Interpretadas. 
  • Apresentação e explicação da apostila (ríquissima em conteúdo)
  • Atividades em Grupo Interpretes (interação)
  • Atividades Individuais
  • Interação professor e  aluno
  • Interação com professor Edson
  •  Apresentação de  vários vídeos de músicas interpretadas pelos professores (excelente)
  • Apresentações de Músicas pelos alunos

Material Distribuído na Oficina






PROFESSOR ALEXANDRE INTERPRETADO MÚSICA






PROFESSOR EDSON PASSANDO ENSINAMENTOS






Confiram aqui a oficina no vídeo abaixo:

Kizoa slideshow: 1ª OFICINA DE M�SICA EM LIBRAS - Slideshow

Confiram a reportagem outra reportagem no Blog Inclusão e Tecnologia Novos Paradigmas nolink abaixo:



VÍDEOS DA LIVIA E VÍNICIUS CONFIRAM EXCELENTES











"A percepção da música no universo onde o silêncio é predominante. Este é o grande desafio para os interpretes que desenvolve o trabalho em todo país introduzindo música no cotidiano de quem não pode ouvir".

2 comentários:

  1. Ai, que legal!!! Você colocou o gadget de comentários, Livia.
    Acho este trabalho maravilhoso.
    Sucesso a todos aqueles que se dispõem a aprender esta forma de comunicação.
    Grande abraço

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  2. Sou intérprete e gostaria a aperfeiçoar minha interpretação em música. Como tenho acesso ao material teórico?
    Abraço, parabéns pela iniciativa

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